2ºAno Ensino Médio - A busca da verdade e o “eu racional” em Descartes

04/03/2020 20:05

2ºAno - Ensino Médio

Atividades Curriculares

 

 

 

Orientações:

 

Abaixo seguem os textos que devem ser integralmente lidos para que sejam executadas as atividades que encontram-se no final desse documento. Os fazeres propostos aqui complementam as atividades efetuadas em sala de aula ao longo do primeiro bimestre e contemplam integralmente o Currículo Oficial do Estado de São Paulo

 

Ignorância, incerteza e insegurança

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Vídeo aula: primeiro bloco: Ignorância, incerteza e insegurança

 

Os meandros do saber: Ignorância, incerteza e insegurança

 

Ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode ser tão profunda que nem sequer a percebemos. Em geral, o estado de ignorância se mantém em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos se conservarem eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas. Diferente da ignorância, a incerteza é o momento em que descobrimos que somos ignorantes, que há falhas naquilo que nos servia de referência para pensar e agir. Na incerteza não sabemos o que pensar, o que dizer ou o que fazer em certas situações. Temos dúvidas, somos tomados pela perplexidade e pela insegurança.

Outras vezes, estamos confiantes e seguros, mas, de repente, vemos ou ouvimos alguma coisa que nos enche de espanto e de admiração. O espanto e a admiração, assim como a dúvida e a perplexidade, nos fazem querer sair do estado de insegurança ou de encantamento, nos fazem perceber nossa ignorância e criam o desejo de superar a incerteza. Quando isso acontece, estamos na disposição de espírito chamada busca da verdade.

 

Desejo da verdade

 

O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos e se manifesta como desejo de confiar nas coisas e nas pessoas. Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana é feita de pequenas e grandes decepções. Quando uma criança ouve uma história, inventa uma brincadeira, joga ou vê um filme ou uma peça teatral, está sempre atenta para saber se “é de verdade ou de mentira”, está sempre atenta para a diferença entre brincar, jogar, fingir e faltar à confiança. Quando uma criança brinca, joga e finge, está criando outro mundo, mais rico e mais belo, mais cheio de possibilidades e invenções do que o mundo onde vive. Mas sabe, mesmo que não formule explicitamente tal saber, que há uma diferença entre imaginação e percepção.

Por isso mesmo, a criança é muito sensível à mentira dos adultos, pois a mentira é diferente do “de mentira”, isto é, a mentira é diferente da imaginação. A criança se sente magoada quando o adulto lhe diz uma mentira, porque, ao fazê-lo, ele quebra a relação de confiança e a segurança infantil. Quando crianças, estamos sujeitos a duas decepções: a de que os seres, as coisas, os mundos maravilhosos não existem “de verdade” e a de que os adultos podem nos enganar. Essa dupla decepção pode acarretar dois resultados opostos: ou a criança se recusa a sair do mundo imaginário e sofre com a realidade como algo ruim e hostil a ela, ou, dolorosamente, aceita a distinção, mas também se torna atenta e desconfiada diante da palavra dos adultos. Nesse segundo caso, ela também se coloca na disposição da busca da verdade. Nessa busca, a criança pode desejar um mundo melhor e mais belo do que aquele em que vive e encontrar a verdade nas obras de arte, desejando ser artista também. Ou pode desejar saber como e por que o mundo em que vive é tal como é e se ele poderia ser diferente do que é. Nesse caso, são despertados nela o desejo de conhecimento intelectual e da ação transformadora.

Se a criança se decepciona e se desilude quando descobre a mentira, os jovens se decepcionam e se desiludem quando descobrem que o que lhes foi ensinado e lhes foi exigido oculta a realidade, reprime sua liberdade, diminui sua capacidade de compreensão e de ação. Já os adultos se desiludem ou se decepcionam quando o saber adquirido, as opiniões estabelecidas e as crenças enraizadas não são suficientes para que possam compreender o que se passa nem para que possam agir ou fazer alguma coisa.

 

Dificuldades para a busca da verdade

 

Em nossa sociedade é muito difícil despertar nas pessoas o desejo de buscar a verdade. Isso pode parecer paradoxal, pois parecemos viver numa sociedade que acredita nas ciências, que recebe diariamente informações vindas da mídia impressa e eletrônica, que possui editoras, livrarias, bibliotecas, museus, salas de cinema e de teatro, vídeos, fotografias e computadores.


Ora, é essa enorme quantidade de veículos e formas de informação que torna tão difícil a busca da verdade, pois todo mundo acredita que essas informações são verdadeiras. Como tamanha quantidade de informação ultrapassa a experiência vivida pelas pessoas, estas se veem sem meios para avaliar o que recebem.

No entanto, se uma mesma pessoa, durante uma semana, lesse de manhã quatro jornais diferentes, ouvisse três noticiários de rádio diferentes e recebesse notícias fornecidas por três sites; à tarde, frequentasse duas escolas diferentes em que fossem ministrados os mesmos cursos; e, à noite, visse os noticiários de quatro canais diferentes de televisão, descobriria que as informações recebidas “não batem” umas com as outras. Ela perceberia que há vários “mundos” e várias “sociedades” diferentes, dependendo da fonte de informação.

Uma experiência como essa criaria perplexidade, dúvida e incerteza. Mas as pessoas não fazem ou não podem fazer tal experiência e por isso não percebem que, em lugar de receber informações, estão, na maioria das vezes, se desinformando. E, sobretudo, como há outras pessoas (o jornalista, o radialista, o professor, o policial, o repórter) dizendo a elas o que podem ou devem saber, o que podem e devem fazer ou sentir, as pessoas se sentem seguras e confiantes. Ou seja, não há incerteza porque há ignorância.

Outra dificuldade para fazer surgir o desejo da busca da verdade, em nossa sociedade, vem da propaganda. A propaganda trata todas as pessoas como crianças ingênuas e crédulas. O mundo é sempre um mundo “de faz de conta”. Nele o banco faz a família alegre, provida, unida e sem preocupações; o automóvel faz o homem confiante, inteligente, belo, sedutor, bem-sucedido nos negócios, com uma namorada linda; o desodorante faz a moça atraente, bem empregada, bem-vestida, com um belo apartamento e um lindo namorado. A propaganda nunca vende um produto dizendo o que ele é e para que serve. Ela vende uma imagem que é transmitida por meio do produto, rodeando-o de magias, belezas, dando-lhe qualidades que são de outras coisas, produzindo um eterno “faz de conta”.

Outro obstáculo para o desejo da busca da verdade vem da atitude dos políticos nos quais as pessoas confiam. Ao se verem ludibriadas depois de terem-lhes dado o voto, a tendência das pessoas é julgar que é impossível haver verdade na política. Muitos passam a desconfiar do valor e da necessidade da democracia e, ao aceitarem “vender” seu voto por alguma vantagem imediata e pessoal, caem na descrença e no ceticismo. Essas dificuldades, no entanto, podem ter o efeito oposto: suscitar, em muitas pessoas, dúvidas, incertezas, desconfianças e desilusões que as façam desejar conhecer a realidade. E, como Sócrates em Atenas, começam a fazer perguntas, a indagar sobre fatos e pessoas, coisas e situações, a exigir explicações, a reivindicar liberdade de pensamento e de conhecimento.

Para essas pessoas surge o desejo e a necessidade da busca da verdade. Essa busca nasce não só da dúvida e da incerteza, mas também da ação deliberada contra os preconceitos, contra as ideias e opiniões estabelecidas, contra crenças que paralisam a capacidade de pensar e de agir livremente. Podemos, dessa maneira, distinguir dois tipos de busca da verdade. O primeiro é o que nasce da decepção, da incerteza e da insegurança e, por si mesmo, exige que saiamos de tal situação readquirindo certezas. O segundo é o que nasce da deliberação ou decisão de não aceitar as certezas e crenças estabelecidas, de ir além delas e de encontrar explicações, interpretações e significados para a realidade que nos cerca. Esse segundo tipo é a busca da verdade na atitude filosófica.

Fote:

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio, volume único. 2ª. Ed. São Paulo: Ática, 2013

Dúvidas? Tire-as antes de fazer as questões no final dessa seção no Fórum da Página!

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Questões Dissertativas

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Tópico: A busca da verdade e o “eu racional” em Descartes

Data: 08/05/2020

De: João Medeiros de Souza

Assunto: Parabéns!

Parabéns pela plataforma montada. Ficou excelente para que os alunos tenham acesso aos conteúdos!

Data: 08/05/2020

De: Paulo Domingues

Assunto: Re:Parabéns!

Gostei muito também!

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