Filosofia da Ciência

03/09/2020 19:53

O que é Ciência - do método às leis científicas.

 
 

A Ciência e o Senso Comum na era da pandemia do Covid-19

Saber o que é ciência é algo de extrema importância, sobretudo, nesse momento de pandemia do Covid-19 em que vivemos. Podemos dizer que no atual momento, apesar das incertezas das quais o conhecimento científico é portador, que o produto final desse saber, ou seja, o conhecimento filtrado por toda uma rigorosidade metódica é mais eficiente do que o mero “achismo” de muitas pessoas, sejam elas personalidades políticas ou do mundo artístico. Obviamente não se trata de elevar a ciência a um grau de divindade no qual atribui-se infabibilidade (aquilo que não falha), mas de afirmar nossas apostas no desenvolvimento do novos caminhos que nos permita compreender o desenvolvimento da doença e modos de combatê-la. É por isto que estudaremos nesse instante o que é ciência. De antemão, podemos dizer que ela é o oposto do Senso Comum, ou seja, dos conhecimentos que obtemos sem a devida crítica ou estudo, mas que faz parte, muitas vezes, da maioria dos nossos saberes. É do senso comum que muitas vezes partimos para a elaboração de conhecimentos científicos. Por exemplo, antes do conhecimento científico sobre as propriedades do boldo do chile, as pessoas já o utilizavam para problemas de indigestão. No entanto, é muito correto dizer que o conhecimento do senso comum é dotado de inúmeras imprecisões. Nesse momento, por exemplo, podemos citar que o modo como as pessoas entendem o corona vírus interfere na saúde pública em termos mundiais. Acreditar que não é real, que foi inventado pelos chineses apenas para que eles se despontassem como primeira economia mundial e, em razão disso, descuidar-se dos procedimentos básicos de segurança da saúde para não ser infectado é um dos malefícios do senso comum que a ciência pode combater. Vamos lá. Bons estudos!

 

 

 

Entendendo a Ciência

 

Comecemos nossa investigação sobre a ciência buscando o significado básico dessa palavra. O termo ciência vem do latim scientia, que significa "conhecimento". Assim,como ponto de partida, podemos definir a ciência como o campo da atividade humana que se dedica a construção de um conhecimento sistemático e seguro a respeito dos fenômenos do mundo.

Por que dissemos "sistemático e seguro"? 

A palavra conhecimento pode ser usada em um sentido geral ( lato sensu) e em um sentido estrito (stricto sensu), que é o conhecimento sólido e bem fundamentado. trata-se do que os gregos chamavam de episteme, o tipo de conhecimento que interessa à ciência. Por isso, a investigação sobre o conhecimento obtido pela ciência é conhecida como epistemologia.

 

OBJETIVOS DA CIÊNCIA    

 

Nossa segunda questão pode ser: "conhecer para que?

Costuma-se dizer que é para tornar o mundo compreensível, proporcionando ao ser humano meios para prever situações e exercer controle sobre a natureza. Essa visão surgiu com a ciência moderna (conforme estudamos no capítulo 13 e veremos adiante mais detalhadamente). SJacob Bronowski (1908-1974), matemático britânico de origem polonesa, pelo conhecimento científico, o "Homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão" (Ciências e valores humanos, P.16).

    Será isso possível? Será que a ciência alcança a compreensão que pretende, e o faz sem o uso da força? Essas questões serão analisadas ao longe deste capítulo.

 

Método científico

 

Vejamos agora ao meio utilizado pela ciência, desde o início da idade moderna, para alcançar seus objetivo: o método científico.

O que é método científico? O termo método vem do grego meta, "através", e hodos, "caminho", significando "através de um caminho", ou de um procedimento. Assim, método científico é o núcleo de procedimentos que orienta o modo de conduzir uma investigação científica. Há diversos conjuntos de procedimentos que caracterizam diferentes metodologia.

    Embora variado, o método científico tem por base de modo geral, uma estrutura lógica que engloba diversas etapas, as quais devem ser percorridas na busca de solução para o problema proposto.

 

Vejamos um esquema das etapas do método cientifico experimental:

° Enunciado de um problema- observando fatos, o cientista enuncia um problema que o intriga e que ainda não foi explicado pelo conhecimento disponível. Nessa etapa, ele deve expor seu problema com clareza e precisão e procurar os instrumentos possíveis para tentar resolvê-lo;

° Formulação de uma hipótese- Tentando solucionar o problema, o cientista propões uma resposta possível, que constitui uma hipótese a ser avaliada em sua investigação. Isso significa que a hipótese é uma proposta não comprovada, que deve ser testada cientificamente;

° Testes experimentais da hipótese- O cientista testa a validade de sua hipótese, investigando as consequências da solução proposta. Essa investigação deve ser controlada por ele, para que o fator relevante previsto na hipótese seja suficientemente destacado na ocorrência do fato-problema;

° Conclusão- O cientista conclui a pesquisa científica, confirmando ou corrigindo a hipótese formulada e testada.

 

Outros Ingredientes

 

Observe, porém que, conforme assinalam alguns estudiosos, os métodos científicos não constituem sempre conjuntos fixos e estereotipados de atos a serem adotados em todos os tipos de pesquisa científica. Eles nascem da percepção de certos procedimentos recorrentes, mas que, por si só, não são suficientes para garantir o êxito de qualquer emprendimento.

Os resultados satisfatórios de uma pesquisa estão sujeitos a  um amplo conjunto de fatores, desde a natureza do problema pesquisado até os recursos materiais aplicados na pesquisa. Dependem, ainda, de elementos como o acaso e , sobretudo, na criatividade, imaginação e sagacidade do pesquisador.

 

 

Leis e teorias científicas

 

Além de utilizar um método, os cientistas, depois de suas investigações, também formulam leis e teorias, principalmente dentro das ciências naturais, como destaque para a Física. Na ciências sociais esse modelo de investigação não é tão presente.

Mas o que são exatamente as Leis e teorias científicas?

Analisando inúmeros  fatos do mundo, percebemos a ocorrência de fenômenos regulares, como a sucessão do dia e da noite, das estações do ano, o nascimentos do seres vivos, a atração dos corpos em direção ao centro da terra e outros. Para reconhecermos a ocorrência de regularidades, devemos observar os fenômenos semelhantes e classificá-los segundo suas características comuns.  Ao examinar as regularidades, a ciência procura chegar a uma conclusão geral que possa ser aplicada a todos os fenômenos semelhantes. Por meio desse processo, formulam-se as leis científicas. Nesse sentido, leis são enunciados generalizadores que procuram apresentar relações constantes e necessárias entre fenômenos regulares.

 

    As leis científicas desempenham duas funções básicas:

° ressumem uma grande quantidade de fenômenos regulares, favorecendo uma visão global do seu conjunto;

° possibilitam a previsão de novos fenômenos que se enquadrem na regularidade descrita.

    As leis costumam fazer parte de uma teoria científica, que  "especifica a causa ou mecanismo subjacente tido como responsável pela regularidade descrita na lei ( Kneller, A ciência como atividade humana, P. 150).

    Portanto, a teoria tem como objetivo explicar as regularidades entre os fenômenos e deles fornecer uma compreensão ampla. Costuma-se dizer que explicar e prever constituem a função fundamental das leis e teorias científicas.

 

 

Transitoriedade  das teorias científicas 

 

    A ciência propõe-se atingir reconhecimento precisos, coerentes e abrangentes. Caracteriza-se por tentar, deliberadamente, alcançar resultados que o senso comum, por suas condições, não pode normalmente alcançar.

    O estudo da história das ciências revela, no entanto, que inúmeras teorias científicas que, por algum tempo, reinaram como absolutamente sólidas e corretas mais tarde foram refutadas, sendo modificadas ou substituídas por outras.

    Por exemplo, durante séculos e séculos, o mundo ocidental acreditou, de forma inabalável, que a terra fosse o centro do universo. Entretanto, Nicolau copérnico, com a obra da revolução das esferas celestes, publicada no ano de sua morte, 1543, demonstrou que a terra se movia em torno do seu próprio eixo e ao redor do Sol. Era a teoria heliocêntrica, que refutava o geocentrismo de Ptolomeu.

    Isso significa que os conhecimentos científicos não são inquestionavelmente certo, coerentes e infalíveis para todo o sempre. É como se tivessem certas "condições de validade".

Essa permanente possibilidade de que uma teoria científica seja revista ou corrigida por outra pode conduzir à noção pessimista de que a ciência fracassou no seu propósito ou perdeu sua razão de ser. Ou, ainda, à posição cética de que todos os reconhecimento científico são crenças passageiras que serão condenadas no futuro.

    No entanto, existe certo consenso entre os defensores da ciência a respeito de que, embora as teorias científicas possam ser refutadas, reformuladas ou corrigidas, a ciência cumpre sua função enquanto tem "Êxito no seu propósito de fornecer explicações dignas de confiança, bem fundadas e sistemáticas para numerosos fenômenos" (Nagel, ciência: natureza e objetivo, em Morgem Besser, Filosofia da ciência, P. 18).

    Para alguns, seu papel seria justamente o de construir um conhecimento continuamente progressivo. 

Filosofia da Ciência

    Essas e outras discussões levaram ao surgimento de um campo de reflexão sobre a ciência e seus métodos a epistemologia ou filosofia da Ciência ( aqui usamos as duas expressões como sinônimas, embora seja possivel fazer uma distinção entre elas, como observamos no quadro sinico II, no final da unidade I).

    O tema geral da filosofia da ciência é o desenvolvimento da reflexão critica sobre os fundamentos do saber cientifico. Esse tema geral desdobra-se em uma série de questões, tais como:

 

° Estudo do método de investigação cientifica;

° Classificação da ciência;

° Natureza das teorias científicas e suas capacidades de explicar a realidade;

° Papel da ciência e sua utilização na sociedade.

 

    A epistemologia destacou-se como ramo da filosofia no final do século XIX, a partir de uma polêmica entre os pensadores ingleses William whewell (1794-1866) e John stuart Mill (1806- 1873) sobre o papel do método indutivo na ciência. ( Voltaremos às reflexões da filosofia da ciência mais adiante neste capitulo.)

 

Atividade:

1- Qual o significado da palavra ciência?
2- Explique com as suas palavras o que é ciência.
3- Quais são os objetivos da ciência?
4- O que é um método científico?
5- Diferencie ciência de Senso comum.

 

AVALIAÇÃO DE FILOSOFIA: FILOSOFIA DA CIÊNCIA

 

1ºB Avaliação de Filosofia

1ºD Avaliação de Filosofia

 

Edição original em   08/06/2016 08:15

Atualizado em 03/09/2020 19:53