Grécia Antiga e Um paralelo entre a cultura grega e a romana

19/08/2013 16:35

Grécia Antiga

 

Características: O território acidentado e uma longa história


No sul da Europa, em uma região de relevo acidentado e de litoral cheio de ilhas, desenvolveu-se a grande civilização grega. Uma civilização que nos deixou um vasto legado cultural, nos mais variados campos. Foi dos gregos que herdamos, por exemplo, os conceitos de cidadania e democracia.
Geografia

A Grécia Antiga ocupava um território que pode ser dividido em três grandes partes, a saber:
  1. Grécia Continental: região ao norte do golfo de Corinto, localizada no interior do continente europeu.
  2. Grécia Peninsular: região ao sul do golfo de Corinto, a península do Peloponeso .
  3. Grécia Insular: região formada pelas diversas ilhas do mar Egeu e do mar Jônico, destacando-se entre elas a ilhas de Creta, a maior de todas.
De modo geral, o território grego apresenta duas características marcantes:
  1. Montanhas – cadeias de montanhas dominam cerca de 80% de seu território. Entre uma e outra cadeia encontram-se planícies férteis, onde surgiram diversas cidades;
  2. Mar – praticamente nenhum ponto da Grécia fica distante do mar. Bastante recortado, o litoral grego apresenta bons portos e ilhas próximas uma das outras. As águas calmas do mar e as pequenas distâncias entre as ilhas era um convite à navegação. Tanto nas comunicações como no comércio, o mar teve um importante papel na vida grega.
O mar e as montanhas dão ao território grego um aspecto fragmentado. Essa fragmentação geográfica provavelmente facilitou a fragmentação política, isto é, nunca houve um Estado grego unificado. A Grécia Antiga era um conjunto de cidades-Estados independentes uma das outras e muitas vezes, rivais.


Períodos Históricos

A história grega é dividida tradicionalmente nos seguintes períodos:
  • Período Micênico ou Homérico – século XV a século VIII a.C.
  • Período Arcaico – século VIII a século VI a.C.
  • Período Clássico – século VI a século IV a.C.
  • Período Helenístico – século IV a século I a.C.


Período Micênico ou Homérico: os primeiros povos e os genos

As principais fontes históricas para o estudo desse período são as descobertas arqueológicas e os poemas Ilíada e Odisséia, de Homero.
Durante o Período Homérico, chegaram à Grécia, em sucessivas invasões, quatro povos indo-europeus que lá se estabeleceram, dando origem ao povo grego. São eles os Aqueus, os Jônios, os Dórios e os Eólios.


Genos

Os Aqueus, os Jônios, Eólios e Dórios eram povos de pastores seminômades. Vagando com seus rebanhos pelas planícies ou pelas montanhas, não chegaram a construir um Estado, mas organizaram-se socialmente em clãs patriarcais. Esses clãs denominados genos eram formados por famílias que descendiam de um mesmo antepassado e adoravam o mesmo deus.
Os genos tinham estrutura comunitária: eram auto-suficientes e os bens (animais, pastos, terras agrícolas, colheitas) pertenciam a todos os membros, ou seja, a propriedade era coletiva.
Os genos podiam associar-se, formando fratrias. As fratrias constituíam corporações de guerra que lutavam pelos interesses do grupo. A reunião de várias fratrias formava uma tribo, comandada por um chefe, o basileu, que exercia funções militares, religiosas e jurídicas.
Aos poucos os genos tornavam-se sedentários e as estruturas comunitárias foram decaindo à medida que se estabeleciam o direito a herança paterna; a diferenciação de classes; a generalização do regime escravistas.
Enfim, a estrutura comunitária dos genos enfraquecia-se à medida que ganhavam forças as instituições que admitiam a propriedade privada e a acumulação de riquezas individuais. Entretanto, a decisão da sociedade em classe somente se consolidou com o aparecimento do Estado, ou seja, das cidades-Estado (polis).


PERÍODO ARCAICO : AS CIDADES-ESTADOS E A COLONIZAÇÃO GREGA

A Grécia Antiga ou Hélade (expressão utilizada pelos gregos) não se constituía em Estado único, com um governo para todos os gregos. Era, na verdade, um conjunto de cidades-Estado independentes (polis) e, às vezes, rivais. Cada uma tinha suas leis, seu governo e seus costumes. A população dessas cidades raramente ultrapassava 30 mil habitantes, exceto nas grandes, como Atenas e Siracusa.
Embora fossem independentes, as cidades gregas apresentavam certa unidade cultural, expressa em elementos como: língua, crenças religiosas, sentimento comum de que eram diferentes dos povos que não falavam a língua grega - os bárbaros. Um exemplo de unidade cultural da Grécia são os jogos olímpicos, dos quais participavam as diversas cidades.
Nas cidades-Estado, o cidadão grego foi conquistando direitos e contribuindo para a vida social. Sentia-se como membro da polis e não como um objeto submisso e manobrado pelos governantes. A palavra político, de origem grega, primeiramente designou "o cidadão que participava dos destinos da polis". Dentre as cidades-Estado gregas, destacam-se Esparta e Atenas.


ESPARTA

Esparta localizava-se na península do Peloponeso, na região da Lacônia. Tinha boas terras para o cultivo de vinha e oliveira. Fundada pelos dórios, desde sua origem Esparta foi militarista e oligárquica. O Estado espartano tinha como principal objetivo fazer de seus cidadãos um modelo ideal de soldados, bem treinados fisicamente, corajosos e totalmente obedientes às leis e às autoridades.


Sociedade

A sociedade espartana dividia-se, basicamente, em três classes:
  • Esparciatas - eram os cidadãos espartanos, que permaneciam à disposição dos negócios políticos e serviam ao exército, tendo como missão reprimir escravos e combater inimigos externos. Em geral não podiam exercer o comércio nem vender suas terras;
  • Periecos - eram homens livres, dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Serviam ao exército em caso de grande necessidade, mas não tinha direitos políticos (participavam de órgãos do governo).
  • Hilotas - eram servos presos à terra dos esparciatas, sustentando-os com seu trabalho. Os hilotas insubmissos eram mortos sem julgamento. Apesar da opressão, promoveram freqüentes revoltas contra o Estado espartano.
Analisando a situação das classes sociais espartanas, percebemos que somente os periecos, que dominavam o comércio e o artesanato, podiam enriquecer; desfrutando de considerável liberdade e conforto material. Os especialistas, submetidos a pesadas obrigações perante o Estado, acabavam tornando-se escravos das instituições militaristas. Quanto aos hilotas, sua vida não passava de opressão e miséria.


Poder Político 

Esparta era uma diarquia. Era governada por dois reis, pertencentes a famílias diferentes e muitas vezes, rivais. Entre suas funções destacavam-se os serviços de caráter militar e religioso. A administração política era exercida pelos seguintes órgãos:
  • Gerúsia - conselho constituído pelos dois reis e mais 28 esparciatas maiores de 60 anos (conselho dos anciãos). Tinha função administrativa (supervisão), legislativa (elaboração de projetos de leis) e judiciária (julgamento em tribunal superior).
  • Ápela - assembléia formada pelos mais importantes cidadãos espartanos maiores de 30 anos. Possuía as funções de eleger os membros da Gerúsia, exceto os reis, e do conselho dos Éforos, e de aprovar ou rejeitar as leis encaminhadas pela Gerúsia.
  • Conselho dos Éforos - grupo formado por cinco membros eleitos anualmente pela Ápela. Os éforos eram os verdadeiros chefes do governo espartano. Comandavam as reuniões da Gerúsia e da Ápela, controlavam a vida econômica e social de toda a cidade, podiam vetar os projetos de lei e até mesmo destituir os reis. O mandato dos éforos era de um ano, mas se reelegiam indefinidamente. Devido ao enorme poder dos éforos, o governo de Esparta era considerado uma oligarquia.


ATENAS

A cidade de Atenas, fundada pelos jônios, situa-se no centro da planície da Ática, a cinco quilômetros do mar Egeu. O centro original da cidade localiza-se numa colina alta, a acrópole, tendo, assim, uma proteção natural contra ataques.
Devido o solo pouco fértil da região, os atenienses lançaram-se à navegação marítima, aproveitando a proximidade do litoral. Tornaram-se excelentes marinheiros, chegando a dominar grande parte do comércio pelo Mediterrâneo.


Sociedade

A sociedade ateniense estava dividida em três classes principais:
  • Eupátridas - eram os cidadãos atenienses. Tinham direitos políticos e participavam do governo. Constituíam a minoria da população (cerca de 10%) sendo que mulheres e crianças não faziam parte desse grupo.
  • Metecos - eram os estrangeiros que viviam em Atenas. Não tinhas direitos políticos estavam proibidos de adquirir terras, mas podiam dedicar-se ao comércio e ao artesanato. Em geral pagavam impostos para viver em Atenas e eram obrigados a prestar o serviço militar.
  • Escravos - formavam a grande maioria da população ateniense. Para cada cidadão adulto chegaram a existir cerca de 18 escravos. Trabalhavam no campo, nas minas e nas oficinas. Eram considerados propriedades do seu senhor, mas havia leis que os protegiam contra excessivos maus tratos.


Evolução política: da monarquia a democracia

A monarquia foi poderosa até meados dos séculos VIII a.C., em Atenas. Lá o rei acumulava as funções de sacerdote, juiz e chefe militar. Depois, o poder em Atenas passou para as mãos de uma oligarquia de nobres. Seus membros, os arcontes, comandavam o exército, a justiça, a administração pública, entre outras funções.
À medida que os nobres atenienses tornavam-se donos da maior parte das terras cultiváveis, os pequenos proprietários empobreciam e suas dívidas aumentavam. Os nobres, então, passavam a se apoderar dos próprios devedores, fazendo-os escravos. Diante dos abusos da nobreza, muitos atenienses (comerciantes, artesãos, camponeses) começaram a exigir reformas sociais. Nos séculos VII e VI a.C., surgiram reformadores como Drácon, que impôs leis escritas acabando com as vedetas, e Sólon, que libertou os cidadãos transformados em escravos. Tais reformas abriram caminho para a democracia ateniense.
O criador da democracia em Atenas foi Clístenes, que ficou no poder de 510 a 507 a.C. Ele aprofundou as reformas e introduziu o regime democrático, cujo princípio básico dizia que "todos os cidadãos têm o mesmo direito perante as leis" - princípio da isonomia.
Entretanto, na democracia ateniense apenas os eupátridas, que constituíam 10% da população eram considerados cidadãos. Conseqüentemente, os 90% restantes da população (escravos, estrangeiros, mulheres e crianças) não tinham direitos políticos, sendo excluídos da vida democrática.
A democracia ateniense era, portanto, elitista (porque só uma minoria tinha direitos), patriarcal (porque excluía as mulheres) e escravista (porque eram escravos que sustentavam a riqueza dos senhores).
No séculos V a C. Atenas atingiu grande esplendor sob a liderança de Péricles (499 – 429 a.C.), que durante 15 anos foi sucessivamente eleito para o governo, ocupando o cargo de estratego, isto é, chefe do poder executivo.


COLONIZAÇÃO GREGA

No período arcaico, entre os séculos VII e VI a.C., inúmeros gregos deixaram suas cidades, dirigindo-se para diversas áreas do litoral do mar Mediterrâneo e do mar Negro, e lá fundaram colônias.


Causas

A crise econômica nas cidades–estados e conflitos entre a nobreza exploradora e a maioria dos povos gerou um clima de tensão social, que teve como válvula de escape o movimento de colonização de colonização. Entre as causas específicas da colonização destacam-se:
- o aumento da população em várias cidades;
- a produção insuficiente de alimentos;
- busca de melhores condições de vida pelos camponeses;
- fuga dos homens livres endividados, para evitar que fossem feitos escravos;
- aspiração dos artesões bem-sucedidos por novos mercados.

Conseqüências

O movimento de colonização teve como principais conseqüências:
- a fundação de importantes cidades, como Bizâncio (depois, chamada Constantinopla),
Marselha, Odessa, Siracusa, Nápoles, Nice e Cretona.
- A difusão da cultura grega pela Europa Mediterrânea, norte da África e Ásia Menor.
- A expansão do comércio marítimo, que movimentou a troca de produtos como, arma de
metal, cerâmicas, cereais, peles, madeiras e perfumes.


PERÍODO CLÁSSICO : AS LUTAS PELA HEGEMONIA GREGA

No período clássico, a Grécia atingiu o seu apogeu, marcado por grande desenvolvimento econômico e esplendor cultural. Nesse período, Atenas e, depois, Esparta formaram-se as mais importantes cidades gregas.
A ascensão econômica trouxe choques de interesses, levando os gregos a lutarem contra outros povos e também entre si. Entre as principais guerras desse período destacam-se: as Guerras Médicas (ou guerras Greco-Persa) e Guerra do Peloponeso.


GUERRAS MÉDICAS

Expandido seu império, o rei persa Dário, após ter submetido as cidades gregas da Ásia Menor, pretendeu subjugar as cidades gregas da Europa. Enfrentou, entretanto, dura resistência de Atenas, Esparta, Erétria, Platéia, entre outras, que se uniram para lutar contra o inimigo comum.
No confronto com os persas, os gregos saíram-se vitoriosos. As batalhas decisivas para a vitória grega foram:
  • Batalha de Maratona (490 a.C.) - atacados pela planície de Maratona, os gregos sob o comando de Milcaídes, derrotaram os exércitos persas;
  • Batalha naval de Salamina (480 a.C.) - os gregos derrotaram os persas, graças, principalmente, à frota ateniense;
  • Batalha de Platéia (479 a.C.) - o exército grego, comandado pelo rei de Esparta, infligiu dura derrota aos persas.

GUERRA DO PELOPONESO (431 - 404 a.C.)

Atenas teve grande destaque na luta contra os persas. Assim quando terminaram as guerras, ela tornou-se a mais importante cidade grega, tanto no setor militar quanto no econômico. Era intenso o comércio ateniense com diversas cidades, sobretudo colônias, que se valia, principalmente, do transporte marítimo.


LIGA DE DELOS E DOMÍNIO DE ATENAS

Com o objetivo de proteger a Grécia contra um possível ataque externo, Atenas organizou uma aliança de cidade gregas. Essa aliança, que chegou a reunir mais de 100 cidades, ficou conhecida como Liga de Delos, pois a sua sede era situada na ilha de Delos.
As cidades aliadas eram independentes, mas Atenas exercia o comando militar da confederação de cidades submetidas ao imperialismo ateniense. Atenas transformou-se, então, no centro de um grande império comercial e marítimo alcançando grande desenvolvimento econômico e cultural. Seu período de apogeu durou quase 50 anos (450 - 404 a.C.). Muitas cidades, porém, começaram a se revoltar contra o crescimento poder ateniense. Entre essas cidades destacou-se Esparta .


LIGA DO PELOPONESO E DOMÍNIO DE ESPARTA

Fundada a liga do Peloponeso (aliança político - militar), Esparta liderou um conjunto de cidades (Corinto, Megara e Tebas) que se opunham ao domínio de Atenas. Explodiu então a Guerra do Peloponeso, que durou 27 anos, com breves intervalos de paz. Ao final do longo e desgastante conflito, Atenas foi derrotada, submetendo-se, então, à hegemonia de Esparta.
A derrota de Atenas na Guerra Peloponeso significou o fim de um projeto imperialista Ateniense, que poderia levar à unificação das cidades gregas. Com a vitória de Esparta, preservou-se a fragmentação política da Grécia, mantendo-se a autonomia das cidades – Estado. Vitoriosa na Guerra do Peloponeso, Esparta estendeu sua influência sobre diversas cidades gregas, impondo sua hegemonia sobre a Grécia durante o período de 404 a 371 a.C.


HEGEMONIA DE TEBAS

Os projetos militares e econômicos de Esparta tiveram destaque durante cerca de 30 anos (404 - 371 a.C.). Ao final deste período, surgiram novas revoltas entre as cidades gregas, agora contra a autoridade de Esparta. Na liderança dessas insurreições estava a cidade de Tebas que tinha um poderoso exército. Após vencer as tropas espartanas, Tebas assumiu a hegemonia das cidades gregas, no período de 371-362 a.C.


PERÍODO HELENÍSTICO : O DOMÍNIO MACEDÔNICO

Após tantos anos de penosas guerras, as cidades gregas estavam esgotadas, fracas e empobrecidas. Aproveitando-se da decadência e da desunião que contaminava a Grécia, Felipe, rei da Macedônia (região situada ao norte da Grécia), preparou um poderoso exército e partiu para a conquista do solo grego.
A batalha de Queronéia, em 338 a.C. representou o marco decisivo da vitória dos exércitos macedônios sobre os gregos. Dois anos depois, Felipe foi assassinado, sucedendo-o no trono seu filho Alexandre.
Dando continuidade à política expansionista de Felipe, Alexandre sufocou definitivamente as revoltas nas cidades gregas, impondo-lhes seu domínio. Incansável partiu com um exército de mais de 40 mil homens em direção ao Oriente, obtendo fulminantes vitórias na Ásia Menor, no Egito, na Mesopotâmia, na Persa e em regiões da Índia (até o vale do rio Indo). Em 10 anos de lutas, Alexandre Magno transformou o império macedônico em um dos maiores Antigüidade. No ano de 323 a.C., Alexandre morreu na Babilônia e o comando de seu império foi então, partilhado entre os principais generais. Seleuco, Ptolomeu e Antígono. O Império macedônico não conseguiu preservar a unidade. Com o tempo, os generais acabaram assumindo o título de rei das regiões sob seu comando e passaram a disputar outras áreas sendo dominada pelos romanos.


ECONONIA : PRODUÇÃO DE RIQUEZA PELO TRABALHO ESCRAVO

Na longa história econômica da Grécia merece destaque, em termos gerais, o modo de produção escravista. Com esse modo de produção há um rompimento definitivo com a vida comunitária (genos). Assim, a maior parte das atividades econômicas (na agricultura, no comércio, no artesanato e no transporte) dependia do trabalho dos escravos. A principal fonte de escravos era a prisão de inimigos de guerra e, também, o nascimento de filhos de escravos. O trabalho escravo propiciou a liberação de uma parte da população (donos de escravos) para atividades menos penosas. Para isso, o Estado teve também que assumir a função coercitiva de obrigar os escravos a obedecer e trabalhar. Com o predomínio do modo de produção escravista, o trabalho braçal foi considerado desprezível pelos homens livres. Assim, por exemplo, em Atenas, uma família rica do século IV a.C. chegava a ter 20 escravos para os seus serviços domésticos, justificando a opressão. O filósofo Aristóteles dizia: "uns nascem para ser escravos para que os homens livres possam gozar de um modo mais nobre de vida".




HERANÇA CULTURAL GREGA : A INFLUÊNCIA EM DIFERENTES ÁREAS

Os gregos lançaram os principais alicerces da civilização ocidental. Encontramos raízes gregas nas diferentes áreas da cultura contemporânea: artes, ciências, filosofia, política, linguagem.


FILOSOFIA E CIÊNCIAS EM DIFERENTES ÁREAS

A investigação intelectual e o espírito de curiosidade levaram os gregos a buscar explicações racionais para a realidade do mundo. Explicações diferentes daquelas apresentadas nas lendas, nos mitos ou nas crenças da razão humana para compreender o desconhecido.
Da filosofia desmembram-se as ciências que aplicam a investigação sistemática e racional aos fenômenos da natureza e da sociedade. Surgiram, assim, ramos especializados para o estudo desses fenômenos, como a Física, a Química, a Matemática, a Biologia, a Medicina e a Astronomia. Entre os grandes nomes da cultura grega destacam-se: Hipócritas pai da medicina; Tales de Mileto e Pitágoras, grandes matemáticos; Heródoto, pai da história.


ARTE

Revelando brilho, talento e racionalismo, é grandioso o conjunto de realizações gregas no campo artístico. A arte grega clássica caracteriza-se pela busca de harmonia, unidade e equilíbrio, sobretudo na arquitetura e na escultura.
Literatura - os gregos aperfeiçoaram o alfabeto fenício, transmitindo-o a diversos povos. Por isso, encontramos palavras de origem grega em diferentes línguas. Além disso, difundiram seus gêneros literários (lírica, epopéia e drama), dos quais derivam o romance, a novela, o ensaio, a biografia etc.
Teatro - os espetáculos criam basicamente os dois gêneros dramáticos: a tragédia e a comédia. Durante os espetáculos, os atores usavam máscaras, chamadas persona (origem dos termos personagem e personalidade). As diferentes máscaras permitiam que um mesmo ator desempenhasse vários papéis na mesma peça. Entre os principais dramaturgos destacam-se
Ésquilo (Prometeu acorrentado), Sófocles (Édio rei, Antígona), Euríoedes (Média, Alceste) e Aristófanes (As nuvens). Os teatros, geralmente construídos numa colina eram abertos para aproveitar a acústica natural.
Arquitetura - as colunas no estilo dórico, jônico e coríntio caracterizam a arquitetura. Dentre as construções, destacam-se os templos que tinham a forma retangular.
Escultura - de modo geral, tinha como finalidade decorar ou complementar as obras arquitetônicas. Destacam-se as estátuas de figuras humanas, constituem modelos idealizados de perfeição física.


RELIGIÃO E MITOLOGIA

A religião, um dos elementos que dava unidade ao mundo grego, apresentava duas características fundamentais: o politeísmo e o antropomorfismo.
Além dos deuses imortais (Zeus, Hera, Ares, Atenas etc.), os gregos cultuavam heróis ou semideuses que eram filhos de um deus com uma pessoa mortal (Teseu, Hércules, Perseu etc.). Relatado a vida dos deuses e dos heróis, os gregos criam uma rica mitologia, constituída por numerosas histórias fabulosas e fascinantes, que inspiraram diversas obras de arte ocidental.
 

IMPÉRIO ROMANO: UM PARALELO COM A CULTURA GREGA-ANTIGA:



PRODUÇÃO ECONÔMICA : A FORÇA ESCRAVA NA CONSTRUÇÃO DO GRANDE IMPÉRIO ROMANO

Da mesma maneira em que na Grécia, em Roma predominou o modo de produção escravista O escravismo desenvolveu-se em Roma principalmente a partir da República, pois, com a expansão militar, grande parte dos prisioneiros foi transformada em escravos. O escravo realizava inúmeros trabalhos nos mais diversos setores da economia, agricultura, artesanato, comércio, minas, pedreiras e serviços especializados, como o de músico, professor etc. Assim, o cidadão, senhor dos escravos, ficava com tempo livre para as atividades administrativas, a diversão e o descanso (ócio).


PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO IMPÉRIO ROMANO

Nos cinco primeiros séculos de sua história, a agricultura e a criação de animais foram as principais atividades econômicas dos romanos. O trigo e a videira eram os produtos mais cultivados. No período republicano, as conquistas militares trouxeram a expansão territorial, o contato com novos povos e o desenvolvimento do comércio. Conquistando Catargo, os romanos dominaram as rotas marítimo-comerciais do Mediterrâneo, que se tornou o principal elo de ligação comercial do mundo antigo.
No período imperial, Roma tornou-se o centro dominador da Antigüidade. O Império atingiu cerca de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, com uma população total de mais de 70 milhões de habitantes. A atividade comercial desenvolveu-se intensamente, sendo impulsionada por fatores como, a criação de uma moeda comum, válida nas diferentes regiões, a generalização das regras do direito romano e a construção de inúmeras estradas ligando os diversos pontos do império, para facilitar, entre outras coisas, o escoamento dos produtos. Com o crescimento comercial, intensificou-se a produção artesanal, destacando-se artigos como vasos cerâmicos, vidros, objetos de bronze e ferro etc.


HERANÇA CULTURAL ROMANA: ASSIMILAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE ELEMENTOS CULTURAIS

Com as conquistas militares, os romanos entraram em contato com diversos povos, dos quais absorveram e desenvolveram muitos elementos culturais, principalmente dos gregos. O poeta romano Horácio (65 - 8 a.C.) lembrava: Vencidas pelas armas, a Grécia acabou conquistando seu rude vendedor. Os romanos deixaram belíssimas obras arquitetônicas. Foram responsáveis pela difusão do cristianismo e pelo surgimento de idiomas derivados do latim. Deles herdamos a concepção fundamental do direito e textos clássicos de poetas e escritores.


Origem do mecenato
 

Não era apenas através da força que os dominantes de Roma queriam impor-se aos povos conquistados. Desejavam, também, ser vitoriosos e grandes no plano cultural. O anseio de Roma por projeção cultural foi também compreendido por Otávio Augusto, que durante seu governo (27 a.C. - 14 d.C.), incentivou uma política de proteção a artistas e intelectuais. O objetivo dessa política cultural era estimular a produção de obras que exaltassem a glória de Roma e de seu governo.
Durante o século de Augusto encontramos ricos cidadãos, como o célebre Mecenas, que concedia proteção a diversos artistas e intelectuais. Os poetas Virgílio, Horácio e Ovídio e o historiador Tito Lívio são exemplos de responsabilidades favorecidas por esse tipo de proteção. Do nome Mecenas originou-se o termo mecenato, que designa "a atividade de proteção às artes e às ciências".


DIREITO E ARTES: Grandes heranças culturais

Do contato com diferentes povos, os romanos assimilaram elementos culturais variados. Retrabalharam esses elementos, acrescendo-lhes características próprias. Entre essas características, destaca-se a organização social, que se refletiu no Direito, e o senso prático, que se refletiu nas Artes.


Direito
 

O direito é uma das grandes contribuições legadas pelos romanos à civilização ocidental. Desenvolveu-se em Roma, pois uma das preocupações básicas do Estado era regular, por meios de normas jurídicas, o comportamento social de numerosas populações do império. Podemos dividir o direito romano em dois ramos fundamentais: direito público (ius publicum), que se referia às relações jurídicas em que o estado atua como parte, e direito privado (ius privatum), que se referia às relações jurídicas entre particulares. Essa classificação ainda é utilizada em nossos dias, da mesma forma que muitos preceitos do direito romano constituem fonte de inspiração para juristas modernos. Até hoje, é freqüente advogados e juízes citarem frases latinas, que refletem princípios formulados na antiga Roma.


Artes

Na grande produção artística de Roma destacam-se as áreas de literatura, arquitetura e escultura.

  • Literatura - destacam-se os escritores e poetas como Virgílio (Eneida), Horácio, Ovídio, Cícero, Catulo e o historiador Tito Lívio.
  • Arquitetura - imponente e grandiosa foi a arquitetura produzida por Roma. Preocupada com o caráter funcional, soube aliar beleza e utilidade na construção dos mais variados edifícios: teatros, basílicas, aquedutos, circos, templos religiosos, palácios. Nessas construções, arcos, abóbadas e cúpulas consagravam o aspecto monumental da obra.
  • Escultura - destacam-se os retratos (cabeça ou busto) e as estátuas eqüestres. Os escultores preocupavam-se em conseguir a reprodução mais fiel possível da realidade e não a idealização de modelos, como faziam os gregos.



PÃO E CIRCO: Formas de controlar a tensão popular

Roma foi uma das maiores cidades do mundo antigo. No século II, ela contava com cerca de 1.200.000 habitantes. Para manter sob controle essa grande massa populacional, constituída por muitos desocupados que viviam pelas ruas, as autoridades romanas distribuíram alimentos periodicamente (o pão) e promoviam diversos espetáculos públicos (o circo). Assim, "pão e circo" era a fórmula utilizada para controlar o povo. Eram tantas as festas e espetáculos que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.


Os gladiadores fazem o espetáculo

Entre os espetáculos mais populares estava as lutas contra animais ferozes e os combates entre gladiadores. Os gladiadores eram, normalmente, escravos ou prisioneiros de guerra treinados em escolas especiais de lutas (ludus gladiatourius). No final de cada luta, vários escravos limpavam a arena, recolhendo os cadáveres com ganchos. Um dos anfiteatros mais utilizados para esses espetáculos violentos foi o Coliseu, que tinha capacidade para abrigar quase 90 mil espectadores.


O circo e o teatro
 

Além das lutas de gladiadores, os romanos adoravam os espetáculos de circo e de teatro. Nos circos, os romanos assistiam a acrobacia realizada por ginastas e equilibristas. Havia também corridas de cavalos atrelados a carruagens. No circo máximo de Roma, aproximadamente 50 mil pessoas podiam assistir a essas corridas e fazer apostas. Nos teatros, os romanos assistiam a peças dos mais variados gêneros: sátiras, tragédias, pantomimas. Entre os grandes autores do teatro romano destacam-se: Plauto Terêncio, Lívio Andrônico etc.

  


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